Resenha sobre uma
visita à Câmara de Vereadores da Cidade de Osório.
I.
Constitucionalismo e Soberania Popular.
II. Funcionamento
do sistema de votação, importância do partidarismo em relação ao bem comum.
III. Ideologia do
Neoconstitucionalismo em relação ao trabalho dos vereadores.
IV. Diante da
tripartição de poderes, um importante ponto é o controle prévio ou preventivo
realizado pelo legislativo.
V. Considerações
Finais.
l.
Constitucionalismo e Soberania Popular.
A ideia de que todo Estado deva possuir uma constituição e de que esta
deve conter limitações ao poder autoritário e regras de prevalência dos
direitos fundamentais desenvolve-se no sentido da consagração de um Estado
Democrático de Direito (artigo 1°, caput, da CF/88) e, portanto, de soberania
popular. (Lenza, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 2010, p.60.)
As palavras do
mestre e doutor Pedro Lenza expressam de forma categórica o que se entende do
artigo 1° da CF. Partindo deste ponto concluímos que este artigo concretiza a
máxima que de que “o poder emana do povo,” que o exerce por meio de seus
representantes eleitos, o que caracteriza uma forma de poder indireta. Que se
distingue da forma direta, que é exercida por sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual a todos.
Os vereadores são
eleitos pelo povo de acordo com o inciso iv do artigo 29 da CF/88, e conforme o
visto no dia exercem de forma ordeira suas obrigações. Eles representam os
princípios de seus partidos políticos e aliados a isso recebem o voto do
cidadão com base em sua forma de pensar diante da possibilidade de uma
sociedade melhor.
Eles são
responsáveis por fiscalizar o executivo e tem o papel de zelar pelo uso correto
dos gastos públicos, isso ficou evidente em diversos momentos na Sessão
Ordinária. Incluo como exemplo a discussão sobre o aumento do numero de
cpi’s (comissões parlamentares de inquérito) que deveria ocorrer em face de uma
maior numero de sindicâncias (do grego “syndikos” patricionador da justiça.)
processo administrativo que mostrou com a junção de informações que algo
estaria ocorrendo de forma errônea visto o aumento do número de funcionários
investigados. Após veloz discussão sobre o assunto foi aprovado o maior numero.
E claro, são
responsáveis pela elaboração de leis que são de competência do município, isso
ficou evidente em diversos momentos da Sessão Ordinária. Um exemplo disso foi a
votação para aprovação de dinheiro para as obras do bairro Medianeira as quais
permanecem sem avanço, e devido ao tempo, diversas áreas apresentam problemas
de conservação.
Convém
mencionar que é cultural e perfeitamente natural em relação aos
vereadores se nós o disséssemos como simplesmente a representação da vontade do
Povo, mas segundo Hans Kelsen em seu célebre livro Teoria Pura do Direito
“Dizemos de certos órgãos, como, por exemplo, do parlamento, que eles, na
realização de suas funções, representam o povo, sem no entanto excluirmos com
isso a atribuição à pessoa do Estado, quer dizer, a sua caracterização
como órgãos estatais”, Página 331. No federalismo por desagregação à
exemplo do Brasil, para garantir a unidade do sistema diante da
assimetria decorrida da diversidade de pensamentos usamos a divisão dos poderes,
e dentre deles é importante lembrar que todos a priori representam a vontade do
povo, mesmo que não eleitos por voto direto e mesmo que não tenham uma função
direta com as mudanças ou continuidades chegadas à população.
II.
Funcionamento do sistema de votação, importância do partidarismo em relação ao
bem comum.
Foi notória a
diferenciação entre os partidos de base aliada do governo e os de base
contraria, chegando a ser um pouco medieval o sistema de levantar para
concordar ou o ficar imóvel para discordar em relação à discussão em pauta.
Contudo, esse sistema fez pensar, creio eu, sobre a real possibilidade em se
tratando de diferentes partidos políticos, de um posicionamento em relação a
determinados assuntos valorando muito mais a defesa de interesses do que realmente
o bem comum, sendo secundaria a eficácia normativa da lei. E prosseguindo na
mesma linha de pensamento, visto que em diversos momentos da Sessão Ordinária
foi cobrado o sistema executivo, chegamos a pensar, creio eu, ao menos alguns
dos ali presentes pensaram, quais seriam realmente os atos ali fechados como
certos que não seriam na verdade apenas uma forma de legislação-álibi, onde que
diante da insatisfação da sociedade, aparecem como uma resposta rápida do
sistema a um problema social, ou seja, “foi decidido”, e os ânimos se acalmam,
quando na verdade nem sairá do papel, ou quando sair será de forma diferente do
acordado.
III. Ideologia
do Neoconstitucionalismo em relação ao trabalho dos vereadores.
A partir da
Constituição Federal de 1988, o constitucionalismo deixa de ser apenas uma
limitação do poder político, mas, acima de tudo, busca uma maior efetividade
dos direitos fundamentais do cidadão. Esse ponto de vista foi vislumbrado,
diante das votações ali ocorridas, ou seja, os vereadores buscam não apenas uma
defesa do cidadão contra um possível estado autocrático, mas sim, buscam também
obedecer a direitos garantidos como fundamentais ao cidadão, tais como os
garantidos no artigo 6° da Constituição Federal, que são: educação, saúde, trabalho,
moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade à
infância, assistência aos desamparados.
O direito à
educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, em parceria com
a sociedade cabe ao Estado promover a educação visando o desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania sua qualificação para o
trabalho. Os vereadores de Osório com suas decisões buscam ou devem buscar essa
linha de trabalho, visto que, a educação é a base fundamental para uma sociedade
próspera, infelizmente na noite do décimo quarto dia de Abril não foi possível,
talvez por um possível atraso da pessoa que escreve, ver uma decisão forte no
sentido de melhorias em uma escola, mas talvez, e com certeza os direitos estão
ligados, então ao determinar uma limpeza de uma rua, por exemplo, estejam sim
os vereadores contribuindo ao menos um pouco para a educação, visto que para
estudar é necessário percorrer um trajeto e este deve ter segurança e higiene.
A saúde é direito
de todos e dever do estado, mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção. Nesse ponto na cidade de
Osório, até que podemos dizer que estamos “mais ou menos” protegidos, diante
dos problemas de ordem monetária que nossa administração vem enfrentando. No
dia da Sessão Ordinária, não vislumbrei qualquer ação relativa à defesa deste
direito social, porém, é notório que diante da situação no país, estejamos até
que bem.
O direito ao
trabalho é sem duvida, uma forma de assegurar a todos uma existência digna, os
vereadores ao realizar ações de fomento para assegurar esse direito aos
moradores de Osório e arredores, contribuem de forma grandiosa para o desenvolvimento
ordeiro, no supracitado dia não vislumbrei qualquer ação nesse sentido, e penso
que existe um saldo devedor neste caso diante das possibilidades de emprego que
temos na cidade dos ventos, onde para a população com menor poder aquisitivo
temos poucas alternativas, resumindo-se, a trabalho na indústria calçadista e
por vezes na indústria da construção civil.
Já o direito à
moradia, este sim, vem sendo alcançado inclusive com uma discussão sobre tal
assunto no dia, onde o tema era o acolhimento do pedido de mais dinheiro para o
término de obras de casas populares, é claro, que podemos analisar de forma
eleitoreira tal questão ser tão difundia em nossa cidade, visto que ate onde se
sabe não é claro o método de controle sobre tais moradias, mas este seria um
debate muito amplo e que devemos deixar para uma próxima oportunidade. O
direito à moradia busca também consagrar o direito à intimidade e à privacidade
(artigo 5°,x,CF), entre outros quais se entendem com uma analise um pouco mais
profunda.
O direito ao lazer
pode-se assim dizer, é de grande importância em relação à saúde, visto que, faz
parte de um sistema em que a integração do referido garantiria a complexidade
do artigo 5° da CF. Um bom exemplo do trabalho dos vereadores de nossa cidade
foi a área de lazer na Lagoa do Marcelino, ao aprova-la garantiram uma boa
situação de lazer, é claro, a segurança como em todo o resto do Brasil não é
das melhores, mas ate certo ponto está razoável. No dia uma cena emocionante em
relação ao assunto, foi a resposta positiva à nomeação do referido local acima
citado com o nome de um antigo morador de Osório, garantindo assim à sua
família uma bela homenagem, a família foi aos prantos com o decisão positiva.
O direito à
previdência social, relativo aos funcionários públicos de Osório, vem sendo
discutido em diversas oportunidades, tal como na lei 3.618 de 21 de dezembro de
2004 que reestrutura o regime próprio da previdência social, assim sendo
garantindo aos poucos o direito mencionado.
A proteção à
maternidade e a assistência aos desamparados, são a principio, de enorme
importância para os vereadores, ainda mais com esse novo ponto de vista chamado
neoconstitucional.
IV. Diante da
tripartição de poderes, um importante ponto é o controle prévio ou preventivo
realizado pelo legislativo.
O legislativo
osoriense através de suas resiliências vem concretizando o principio do
controle preventivo, que nada mais é, analisar se o projeto de lei contém algum
vício a ensejar a inconstitucionalidade. Essa forma de controle visa promover
uma unidade com lei máxima do país, visto que, é de caráter da nossa
constituição a unificação visando o entendimento com o mínimo de discórdia
sobre o assunto. É claro que nem sempre isso ocorre no âmbito do legislativo.
No controle
posterior, geralmente quem o faz, é o sistema judiciário ou no sistema hibrido
há uma mistura dos sistemas para a realização deste trabalho. O controle prévio
pode ser feito e assim o será, também pelos poderes executivos e judiciários.
V. Considerações
Finais.
Diante da
pluralidade de situações vividas no cotidiano, é importante ter um conhecimento
ao menos básico sobre o funcionamento das coisas, dentre tais, o conhecimento
do sistema que nos cerca e dá suporte, para tanto é necessário ter uma mente
aberta e pronta a entender que nem tudo é da forma que deveria ser, não cabe
(ainda talvez) a mim julgar o modus operandi, mas sim aprender e ter uma base
para saber usar das entrelinhas quando necessário for.
A visita à Câmara
de Vereadores de Osório foi de grande valia nesse propósito, onde foi possível
verificar a medida do possível o funcionamento da casa. Foi possível entender
que existe uma grande formalidade, que certamente, segue um padrão
pré-estabelecido de conduta que tem como ponto principal o funcionamento correto
diante de uma lei maior.
Foi possível ver
que a diferença entre situação e oposição é realmente de grande importância
para o funcionamento da democracia, mas por certo que também pode ocorrer em
razão disto um empecilho à evolução.
Em suma, foi uma
excelente oportunidade de aprendizado.
Texto de Carlos Roberto Freitas.
Texto de Carlos Roberto Freitas.
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