A notícia que
tem repercutido muito esta semana envolve o meu time de coração, Grêmio Futebol
Porto-alegrense, o episódio entre a torcida gremista e o goleiro santista foi
algo que relutei bastante antes de escrever e opinar a respeito. Assim como
muitos acompanhei a geração campeã dos libertadores com Jardel, Paulo Nunes e
Cia, como tantos me identifiquei com a garra e o empenho que a história de
glorias desse clube nos conta. Na noite de quinta-feira 28 de agosto o goleiro
Aranha, do Santos, foi alvo de ofensas racistas durante o jogo contra o Grêmio, em Porto Alegre. O episódio
aconteceu aos 43 minutos do segundo tempo, quando o placar já apontava 2 a 0
para os santistas. Os xingamentos partiram de um grupo torcedor gremistas
localizados atrás do gol defendido por Aranha na segunda etapa, setor
normalmente destinado às organizadas na Arena do Grêmio. Ao perceber o
teor dos xingamentos, Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira Sampaio e a
partida foi paralisada por alguns minutos. Porém, apesar dos protestos do
goleiro, Sampaio mandou o jogo seguir.
A repercussão
maciça de tudo que aconteceu na noite do dia 28 se deu no dia seguinte, quando
imagens e gritos oriundos da torcida gremista, que deixava bem claro que a
reclamação do goleiro santista era procedente invadiram os noticiários do
Brasil e do mundo, com a imagem da torcedora Patrícia Moreira gritando em voz
alta: “macaco” e flagrada por câmeras de TV que transmitiam a partida foram o estopim
desse primeiro ato, aonde a justiça vem intervir para que o bem jurídico maior
seja protegido.
A Lei 7.716
de 5 de janeiro de 1989 em seu art. 1º diz: “Serão punidos, na forma desta Lei,
os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião
ou procedência nacional”, mesmo sendo tão incisiva a lei ela esbarra em um
problema que se arrasta há séculos em nosso país, “APLICAÇÂO”, infelizmente
quem comete o crime de racismo ou injúria racial não paga por isso, e tal
impunidade torna favorável a reincidência deste crime.
O racismo é
um problema social e histórico. Ele não existe porque os negros possuam
qualquer "característica de inferioridade" ou os brancos sejam
"naturalmente" opressores.
O racismo
está ligado à exploração. As classes dominantes sempre buscaram aproveitar-se
das diferenças de cor, gênero, nacionalidade, região, etc., para construir
assim uma hierarquia na exploração. Essa hierarquia ao mesmo tempo divide os
explorados em níveis diferentes de exploração (mais e menos explorados) e
também justifica que uns sejam mais explorados por… serem negros.
No Brasil,
conforme o capitalismo se estabelecia como sistema econômico, o racismo do
período escravista foi assimilado, pois isso permitia aos empresários aplicar
níveis mais intensos de exploração sobre os negros e as mulheres negras em
particular, embora desde o início tivesse havido inúmeras formas de
resistência. No topo dessa hierarquia de exploração encontram-se a burguesia e
seus agentes: o Estado, a mídia, a Igreja, setores da classe mais alta que
incorporam os interesses da burguesia.
Assim, a conclusão mais importante que
tiramos, mas que não é de forma alguma unânime, é que para acabar de vez com o
racismo é preciso acabar também com o capitalismo e com toda forma de
exploração do homem pelo homem.
O Superior
Tribunal de Justiça Desportiva eliminou o Grêmio da Copa do Brasil. É uma
punição pelas injúrias racistas sofridas pelo goleiro Aranha, do Santos, em
Porto Alegre.
Foram quase
quatro horas de julgamento na sede do STJD, no Rio. E a decisão foi tomada por
unanimidade: 5 votos a 0.
Sabendo da
grande repercussão do caso os advogados de Defesa levaram para o Tribunal
vídeos mostrando como o Grêmio tem investido em campanha contra o racismo.
Ressaltaram também a colaboração na identificação e punição aos torcedores
flagrados ofendendo o goleiro Aranha, do Santos, na semana passada. E tentaram
desvincular o clube do que chamaram de uma minoria que não o representa.
Já os
auditores do STJD entenderam de outra forma. Como não poderiam punir o Grêmio
com a perda de pontos, por se tratar de uma competição eliminatória, decidiram
pela exclusão do time gaúcho da Copa do Brasil.
“Se nós
acabarmos com a descriminação racial no Brasil em razão desta decisão o Grêmio
se dá por feliz", afirmou Fábio Koff, presidente do Grêmio.
Apesar da
declaração do presidente Fábio Koff, o Grêmio vai recorrer no prazo de três
dias. A palavra final deve ser dada na semana que vem, no julgamento em segunda
instância.
Quando também
voltarão a se defender o árbitro Wilton Sampaio, suspenso por 90 dias, e os
auxiliares, afastados por 60 dias. Eles foram considerados omissos ao só
citarem as ofensas em um adendo à súmula e não logo após a partida.
Porem este
episódio parece apenas estar no começo, pois nesta quinta-feira dia 04 o STJD
recebeu o pedido de licença de seu Auditor Ricardo Graiche que foi um dos
auditores a votar pela exclusão do Grêmio na Copa do Brasil. O auditor do STJD,
Ricardo Graiche, pediu licença de suas atividades no Tribunal por conta da
repercussão de imagens de suposto cunho preconceituoso postadas em seu
perfil no Facebook. A entidade abriu sindicância para apurar as atitudes do
advogado, mas isto já é outra história, oque não podemos fazer é com que
atitudes de um grupo isolado destruam a paixão pelo esporte que cidadãos de bem
como eu e você mantemos em nossas vidas, devemos lembrar que existem torcedores
gremistas de todas as idades inclusive crianças, que de maneira alguma podem
ser rotuladas por atitudes de pessoas pobres de espírito e que embora
estudadas, demonstram ser desprovidas de racionalidade por se acharem
superiores por razões étnicas e raciais.
A única
verdade que devemos crer é a descrita no artigo 5º de nossa carta maior, nossa
Constituição Federal: “Todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes”...
Texto: Tiago
Diogo
Fontes ZH.com
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